Saio e chego em casa todos os dias, pensando na mesma pessoa, fazendo as mesmas coisas, escrevendo aleatoriamente com o objetivo de me entender. Porque tinha que ser assim? Caminho tanto e não chego a lugar algum, me expresso, demonstro, do meu jeito. Mas faço. A angústia de não tentar por já imaginar a resposta, o medo de quebrar a cara, a falta de vontade por ter lutado demais, algumas vezes me impedem de correr e trazer de volta o que um dia foi meu. Recolho os cacos de um amor que já foi inteiro, aperto a mão e dou um beijo em quem um dia me fez chorar. Carrego esperanças tentando disfarçar a falta de alguém incapaz, de amar, de se entregar, de me falar o que eu preciso ouvir. De certa forma, me acostumei com esse vai e vem de sensações confusas, com os olhares que refletem ansiedade, esse entra e sai de saudade e querer. Eu poderia ter evitado, desviado o rumo das conversas, me calado quando resolvi sentir. Mas pouco adiantaria, mais cedo ou mais tarde, eu acabaria cedendo, me entregando, imaginando futuro com quem faz parte de um sonho. Sou assim, movido a emoções, uma porta de entrada fechada para o fim. Alguém que não sabe abandonar.